Pesquisa inédita vai identificar os hábitos e a população das capivaras em Itaipu

O número de capivaras que vivem nas áreas de preservação dentro de Itaipu sempre despertou curiosidade de quem visita ou trabalha na usina. A principal dúvida é saber se há de fato uma superpopulação do mamífero, como sugere a grande concentração de animais no gramado ao longo do Rio Bela Vista.

Parte dessa resposta começa agora a ser respondida. Uma pesquisa inédita promovida pela própria Itaipu, em parceria com as Faculdades Anglo-Americano e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), pretende revelar a densidade populacional e os hábitos do animal na região
Chamado de Ecologia Populacional das Capivaras, o trabalho começou em 2009 e os primeiros resultados foram apresentados nesta segunda-feira (5), na sala de reuniões da Diretoria de Coordenação. O coordenador é o biólogo Alcides Ricieri Rinaldi, do Anglo-Americano e doutorando no Programa de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Primeira contagem - De acordo com o pesquisador, uma primeira contagem feita de maio a junho deste ano indicou um total de 210 capivaras vivendo em uma área de 2,98 quilômetros quadrados – da tomada da água no Canal da Piracema até a foz antiga do Rio Bela Vista. Esse resultado equivale a 70 animais por quilômetro quadrado, abaixo da média encontrada em outras regiões do País, de 115 animais. 
Porém, ainda não é possível afirmar que a densidade populacional das capivaras é baixa na usina. Rinaldi explicou que o período analisado é de tempo seco na região e menor oferta de alimentos – em especial, o capim colonião, que faz parte da dieta do animal.
 

Com menos alimentos, a reprodução é menor e muitos animais podem morrer de desnutrição. “Por isso, o número [210 capivaras] pode estar subestimado”, ponderou o pesquisador, que é mestre em Ecologia.
Já no período chuvoso, com maior oferta de alimento, a tendência é que a população cresça com mais força. Para chegar a números mais próximos da realidade, considerando as médias dos períodos secos e chuvosos, novas contagens serão feitas até o final do ano.
Armadilhas fotográficas - Outra curiosidade confirmada pela pesquisa são os horários do dia que a capivara tem maior atividade: das 5 às 6 horas e das 18 às 21 horas. Não por coincidência, são nesses dois horários as maiores incidências de acidentes com os animais, sobretudo, atropelamentos.

Rinaldi e equipe instalaram rotativamente 15 câmeras em 60 pontos dentro da área amostral, de 2,98 quilômetros quadrados. Também chamado de armadilha fotográfica, o equipamento funciona com sensor infravermelho e dispara ao captar movimento.
Metade dos registros foi de capivaras. Mas as câmeras também fotografaram outras espécies silvestres, como o cachorro-do-mato, o veado-bororó e quatis.
Avaliação - “Para Itaipu, esse trabalho é muito importante porque nos dará algumas respostas que precisamos, como, por exemplo, conhecer a movimentação e o comportamento das capivaras nas áreas da usina”, afirmou o gerente da Divisão de Áreas Protegidas (MARP.CD), Edson Zanlorensi. Segundo ele, os dados poderão no futuro subsidiar ações de manejo desta espécie silvestre, se o estudo apontar essa necessidade.
“Vale ressaltar que a presença da capivara e de outros animais silvestres na usina é consequência de um bom trabalho de recuperação ambiental promovido pela Itaipu. Mostra que as ações deram certo e a natureza está dando a resposta”, acrescentou. “Esses animais vivem em uma área protegida, com água e flora em abundância e com qualidade”.
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